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12 de Novembro 2023

Cogumelos, micélios e redes - conversa e observações no bosque
Oficina com Sara Barbosa

Conversa sobre a biologia, a ecologia e os habitats dos Cogumelos. Boas regras de identificação e colheita.

Passeio do Play ao CAMPO: caminhos possíveis e impossíveis
 

Diário
 

   Dia 12 de novembro encontramo-nos no acolhedor espaço do Play- brincar para crescer para, durante uma manhã, mergulhar com a Sara no maravilhoso reino fungi, composto por seres ancestrais que vivem debaixo da terra, ou em cima de plantas e animais ou até dentro de nós. Seres ambíguos e belíssimos, interface entre a vida e a morte, descompõem a matéria morta para a pôr novamente no ciclo da vida, atacam plantas fracas, ajudam as arvores a levar o nutrimento às suas filhas, ligam tudo com tudo e cuidam dos ecossistemas. Os seus frutos, os fungos que aparecem nos bosques ou em outros lugares húmidos, se comidos, podem ser mortíferos ou deliciosos, podem curar doenças ou levar-nos para mundos onde o indivíduo se dissolve e se torna um todo com o ambiente.

Caminhamos no bosque, habitado por inúmeros desses seres, e imaginamos debaixo dos nossos pés o micélio a reverberar após os nossos passos, ele que tudo sente, acompanha a nossa viagem.

   Durante a tarde, procuramos caminhos e ligações entre o Play e o CAMPO, organizações vizinhas com muito em comum. Interessava-nos perceber as possibilidades de comunicação entre estes dois lugares. Procuramos evitar as estradas onde os carros reinam, passamos porém pelos bosques e campos que se encontram entre estes dois espaços.

Foi um passeio enriquecedor e frustrante, apesar das redes e muros, a comitiva conseguiu avançar em espaços rurais e bosques, fomos surpreendidos por rios sazonais, tanques transbordantes, pântanos e florestas cheias de vida, mas à medida que nos aproximávamos à nossa meta, muros insuperáveis à volta das vivendas e dos campos privados bloqueavam o caminho. A única possibilidade, nesse dia, foi voltar para a estrada, caminhar em cima do asfalto duro que não transpira, até ao CAMPO: uma ilha, a partir da qual vamos construir pontes e caminhos. Como o micélio nos ensina, não vamos parar diante dos obstáculos, vamos contorná-los sem perder de vista o objetivo: ligar o que está escondido e  silenciosamente nos sustenta e fortalece.

Os desvios fazem parte da viagem, só nos tornam maiores e mais fortes.

Costanza Givone

fotos de João Cruz    

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