FOGO LENTO
pesquisa artística transdisciplinar

O tempo das árvores
projeto de pesquisa e criação 2026-2027
A pesquisa
“O tempo das árvores” é um diálogo artístico-biológico, que nasce do encontro entre seres humanos e árvores. Um encontro entre seres vivos.
“Plant blindness”, um viés cognitivo definido por J.H. Wandersee e E.E. Schussler nel 1999 que define a incapacidade de notar a vegetação em um determinado ambiente e de reconhecer a sua importância na biosfera. Segundo o biólogo S. Mancuso isto é ligado ao funcionamento do nosso cérebro: não compreendemos o que é diferente de nós. Desde crianças começamos a recolher e aprender o nome dos animais, mas não das plantas, que se tornam parte de uma mancha verde indefinida.Segundo a mecânica quântica, a realidade é relação: não são as coisas a estarem em relação, mas são as relações que dão origem a noção de coisa: “nós como as ondas e como todos os objetos, somos um fluir de eventos, somos processos que durante algum momento são monótonos” (C. Rovelli).
As perguntas que dão início a este processo de pesquisa e criação são “quem sou eu quando me relaciono com uma árvore?”,“quem somos nós quando nos relacionamos com uma floresta?”.A relação com uma árvore nos obriga a repensar a ideia de tempo, de tamanho, de movimento, de sexualidade, de individualidade, a refletir sobre uma quantidade infinita de dados assumidos.
“O tempo das árvores” será um processo de pesquisa interdisciplinar, onde procuramos tecer relações entre seres humanos e vegetais, numa dinâmica que passa pela observação, cópia, repetição, cuidado, germinação, partilha, encontro, troca.
Ao longo do processo vão existir momentos de partilha onde procuramos transcender os limites de cada corpo, cada matéria, cada disciplina, graças à criação de relações inusitadas.
Vemos este processo criativo como uma floresta em crescimento: uma série de ações em relação uma com as outras e em relação com os ecossistemas humanos e vegetais na qual estão inseridas, nutrem objetos artísticos de vários formatos (exposição, performance, podcast). A partir da pesquisa desenvolvida vamos criar em 2027 o espetáculo com título provisório: "Perder-se no bosque", uma criação para coro e intérpretes.
Assembleia vegetal
projeto continuado com adolescentes
“Assembleia Vegetal” — um percurso de 6 meses com jovens do ensino secundário.
A partir do estudo das árvores autóctones, vamos criar uma assembleia vegetal-humana, onde os jovens participantes e o público convidado se reúnem para partilhar dúvidas e reflexões, baseadas na relação estabelecida com esses grandes seres vegetais.
A Nossa Borda de água
“A Nossa Borda de Água” é um jornal intergerácional que será desenvolvido com comunidades de crianças e idosos. O jornal vai reunir conhecimentos sobre as árvores do território, assim como experiências, histórias e reflexões.
Coordenação artística: Costanza Givone
Com Alex Cassal, Clelia Colonna, Joana Magalhães, Samuel Ornelas.
Parcerias: Galeria da Biodiversidade e jardim botânico do Porto, Plano Nacional das Artes, Amarelo Silvestre, CRL - Central Elétrica, Lugar do Meio.
Atividades anteriores:
100 Árvores para o CAMPO
10 de Fevereiro 2024 no CAMPO (Rua rio da Costa 24,4415-320 V.N. Gaia)
fotos de João Cruz e Joana Cruz
No dia 10 de fevereiro convidamos amigos, vizinhos e todas as pessoas interessadas, a participar na conversão do CAMPO, um terreno antigamente utilizado para a agricultura intensiva, num espaço de biodiversidade, plantando árvores e estimulando o desenvolvimento de micélio.
Graças ao apoio da empresa Aromas & Boletos, plantámos 50 árvores micorrizadas (em que as suas raízes já estão tratadas com micélio), as restantes 50 foram cedidas pelo projeto 100.000 Árvores. As árvores foram acolhidas no terreno com a ajuda e os preciosos conselhos do coletivo Landra, do arquiteto paisagista Pedro Cal e do realizador João Vladimiro.
Obrigado a todos os que contribuíram para este dia!
Nesse dia também partilhámos o trabalho (parte do processo de criação da performance "Micélio" que estreará em Setembro no Auditorio Municipal de Gaia) desenvolvido no Play - Brincar para Crescer, no Centro de Reabilitação da Granja e na Feira dos Carvalhos. A pedagoga Nasrin Rajani dinamizou uma oficina para pais e crianças e as artistas Clélia Colonna, Costanza Givone e Svenja Tiger apresentaram um site-specific para o CAMPO.
