FOGO LENTO
pesquisa artística transdisciplinar

Astra 8
sinopse
Astra 8 é um planeta (ou uma planeta?), na qual cabe o infinito.
Os seres que aí habitam, multiplicam-se, metamorfoseiam-se, simbiotizam-se. As criaturas mais extraordinárias vivem nas entranhas deste corpo. Alguns destes seres parecem feitos de gelatina ou plasticina, outros são compridos como serpentes, ou são cobertos por pelinhos que permitem que eles se movam pelo seu ambiente. Alguns têm garras, outros não têm olhos, alguns vivem em paz com os outros seres que estão ao seu redor, outros começam guerras que ameaçam destruir tudo, até mesmo o próprio planeta em que vivem.
A maior parte do tempo o nosso planeta nem percebe que existem seres vivos vivendo dentro dele, ou até mesmo na sua superfície. Para a escala de um planeta, a maior das criaturas pode ser insignificante.
Um espetáculo para crianças sobre a relação entre ser humano e meio ambiente, com foco na complexa rede de ligações que percorrem, subterraneamente, a vida.
Pesquisa:
Quando Margulis, no âmbito da teoria endossimbiótica, apresentou o conceito de holobionte (um organismo que hospeda muitos outros organismos, um ser plural onde o todo é mais do que o somatório das partes, graças às relações que se criam entre eles) não estava a falar de nenhum ser extraordinário, mas de inúmeros organismos terrestres, incluindo o ser humano.
Parece que a cooperação está estritamente correlacionada com a evolução, mas foi só há 40 anos atrás que a comunidade científica levou realmente a sério a possibilidade de acrescentar a cooperação —além da competição Darwinista— entre os mecanismos de sobrevivência e evolução dos seres vivos. Somos organismos que vivem em simbiose com outros, hospedando-os e, por vezes, retirando com isso proveito próprio. O meio ambiente não é exterior a nós, não há separação, mas infinitas ligações que nos tornam um todo com a natureza. A partir dessa consciência podemos treinar a nossa pluralidade e procurar caminhos para criar conexões sempre novas.
Acredito na importância de partilhar esta ideia com o público mais jovem, que por causa de um sistema escolar altamente competitivo, está cada dia a ser treinado para uma luta solitária e individualista pela sobrevivência.
Para construir uma sociedade feita de pessoas capazes de ter uma relação saudável e regenerativa com o meio ambiente e com os outros seres vivos, precisamos de começar pelo diálogo com as crianças, que têm muito para nos ensinar e relembrar sobre a capacidade de viver em comunicação com quem e com o que nos rodeia.
Espetáculo:
“Astra 8” é um espetáculo visual e comunicativo, no qual criadores e espectadores têm espaço para imaginar futuros possíveis e impossíveis.
No palco, uma paisagem extraterrestre, tem formas familiares, que por vezes lembram o interior de um corpo. As formas de vida são muito estranhas, na sua forma e consistência: organismos rastejantes, voadores, inspirados na observação de fungos, bactérias e insetos ao microscópio.
Graças às técnicas do teatro de objeto e a sonoplastia queremos transportar os espectadores dentro de ecossistemas oníricos de tecido, populados por criaturas que parecem fantásticas, mas talvez existam. Vamos usar a musicalidade da voz e as possibilidades sonoras dos materiais para transbordar os limites da linguagem e construir uma composição polifónica que conta as histórias deste planeta onde os seres são múltiplos e simbióticos.
Ficha artística:
Coordenação artística, encenação e interpretação: Costanza Givone; Interpretação e co-criação: Clelia Colonna; Escrita do texto e apoio dramatúrgico: Alex Cassal; Cenografia e figurino: Svenja Tiger; Desenho de luz: Rui Azevedo; Som: Henrique Fernandes; Vídeo e fotos: Zhang Quinzhe; Produção executiva: Marguerida Fragueiro; Parcerias: Associação de Pais da Escola do Campo 24 de Agosto; CRL-Central Elétrica; Galeria da Biodiversidade do Porto, Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço; Lugar/Palmilha Dentada, Lu.Ca; Apoios: Criatório da Câmara Municipal do Porto; TMP/Câmara Municipal do Porto, Municipio de Loulé, Casa Varela/Câmara Municipal de Pombal.
Agradecimentos: grupo de investigação do IA “ Deteção e caracterização de outras Terras” Marta Cortesão, Afonso Mota, Isabel Sousa, Barbara Soares e Jennifer Peralta e Nuno Santos.
PÚBLICO ALVO: 6-12 anos NECESSIDADES TÉCNICAS: Espetáculo para sala equipada, rider técnico a definir DURAÇÃO APROX.: 50 minutos LOTAÇÃO ACONSELHADA: até 150 pessoas
Este espetáculo faz parte de um projeto de pesquisa e criação que começou em 2023 e inclui muitas atividades e reflexões.
Proximas atividades:
Oficina de concepção de figura e espaço cénico com as crianças do grupo de teatro no espaço "Lugar" da Palmilha Dentada (Porto)
1 Abril, Conversa sobre exoplanetas no planetário do Porto (mais info em breve nas nossas redes sociais)
Oficinas nas escolas:
Não só o nosso intestino e as nossas pestanas são habitadas por bactérias e simbiontes animais, se olhares no parque os simbiontes são omnipresentes. Os trevos e as ervas daninhas têm bolinhas nas suas raízes. São bactérias que fixam o nitrogénio, essenciais para o crescimento saudável num terreno pobre em nitrogénio. E olha para as árvores, até trezentos diferentes simbiontes fúngicos, as micorizzas que notamos como cogumelos, entrelaçam-se com as raízes.
Somos simbiontes num planeta simbiótico, e se prestamos atenção, podemos encontrar simbiosi em todo o lado.“ Lynn Margulis, The symbiotic planet
O processo de criação do espetáculo começa em Janeiro de 2025, através de oficinas performativas que irão circular nas escolas de Porto e Gaia, criadas com a consultoria da Galeria da Biodiversidade do Porto.
Estas oficinas, que poderão ser dinamizadas também nas escolas dos concelhos onde o espetáculo vai ser apresentado, procuram refletir sobre as perguntas que estão na origem do espetáculo:
Quais são os nossos limites? Onde acaba o nosso corpo e onde começa o meio ambiente? Somos únicos e finitos?
Vamos levar as crianças numa viagem ao interior dos seus corpos para refletir sobre quem e o que as habita, para depois ativar a atenção perante o que as rodeia. Vamos falar e experimentar fisicamente o tema da peça, num diálogo criativo com as crianças, que na fase de criação, nos ajudará a construir o texto do espetáculo e, na circulação, será uma oportunidade para mergulhar no universo da peça.
CONTACTOS:
mail: fogolento.cultural@gmail.com telefone: 915951342 (Costanza Givone)
Todas as imagens presentes no dossier são obras de Svenja Tiger, artista convidada a desenvolver o cénario, os figurinos e os objetos do espetáculo.