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MULHER-ROMÃ

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Mulher-romã (performance)

Há quanto tempo estou aqui dentro?

(inspira profundamente, como para cheirar) já não sinto nada.

Delicioso, enjoativo, agora nada. Tornou-se o meu próprio cheiro.

Uma mulher aprisionada dentro de uma romã reflete sobre a sua condição existencial. Uma performance transdisciplinar que projeta o espectador nas entranhas da protagonista do conto tradicional “As três romãs”.

Direção artística, texto, interpretação: Costanza Givone; Concepção de figuras e sombras: Ana Torrie; Som: João Vladimiro; Desenho de luz: Mariana Figueroa; Vídeo de cena: Sofia Arriscado; Apoio cenografia: Nuno Guedes; Produção executiva/comunicação: Francisca Lacerda; Convidada para palestra na ESMAE: Raquel S.; Produção: Fogo Lento; Apoios: Criatório da Câmara Municipal do Porto, Fundação Calouste Gulbenkian; Residências: CRL- Central Elétrica, Casa da Imagem, Casa Varela; Coprodução no âmbito do programa de residências artísticas/técnicas: Reclamar Tempo 21/22 do CAMPUS Paulo Cunha e Silva; Apoio logístico: Árvore - cooperativa cultural, Maus Hábitos; Escolas envolvidas: ESMAE, Escola artística Soares dos Reis; Agradecimentos: Catarina Lacerda, Claudia Figueiredo, Maria José Passos Costa, Nuno Guedes, Nuno Lucena, Rodrigo Malvar, Samuel Guimarães, Teatro do Frio.

O projeto

Mulher-romã é um projeto de criação, que procura refletir sobre o papel da mulher na sociedade ocidental a partir do estudo dos contos populares europeus, através da criação de um texto teatral original, uma exposição, um encontro sobre dramaturgia contemporânea feminina e uma performance transdisciplinar.

O projeto procura estabelecer um contacto consistente com a comunidade do Porto através de momentos de abertura do processo e ações em institutos de ensino artístico.

As ações desenvolvidas ao longo da criação pretendem contribuir para a igualdade de género, através da partilha de uma reflexão inclusiva sobre o feminino e o apoio e divulgação da dramaturgia de autoria feminina.

É objetivo do projeto desenvolver uma pesquisa transdisciplinar e experimental no âmbito das artes performativas e fomentar a colaboração entre artistas de diferentes áreas e entre artistas e comunidade.

Para cumprir os seus objetivos, o projeto é articulado em diferentes fases ao longo de seis meses, e inclui momentos de partilha com a comunidade de artistas, estudantes e população em geral.

O ponto de partida é o conto tradicional “O amor das três romãs”: um príncipe procura uma mulher branca como o leite e vermelha como o sangue. Após várias peripécias, e o encontro com uma bruxa, recebe três romãs, das quais sairão três belíssimas mulheres.

Neste projeto imaginamos a mulher, aprisionada dentro da romã, antes da chegada do príncipe. Quem é ela? Como entrou lá para dentro? Qual é o seu passado? E o futuro? O que pensa? O que foi do seu corpo?

A mulher do conto, mera projeção do desejo do príncipe, transforma-se num ser complexo, que reflete sobre a sua condição. A imanência da condição feminina é levada ao seu extremo, uma mulher enclausurada num fruto à espera de alguém que a liberte, mas opera-se uma translação de ponto de vista, para o Outro, lugar que historicamente pertence à mulher.

No texto do espetáculo, procura-se uma possibilidade de salvação, não na chegada do príncipe, mas na ação do pensamento. Durante toda a peça, assistimos à tensão crescente entre os limites do fruto e a ebulição interior, provocada pela necessidade indefinida de se transcender. (Simone de Beauvoir – “O segundo sexo”, 1949)

O corpo da mulher está ausente fisicamente mas presente nas memórias e nos pensamentos, um corpo percebido como desmembrado, que já não pertence à voz. A romã é descrita como abrigo e corpo ao mesmo tempo, criando um imaginário que transita entre o conto tradicional grotesco e a ficção científica.

A diretora artística Costanza Givone, acredita que o repertório do conto popular é extremamente precioso para percebermos os valores que regeram a sociedade ocidental ao longo dos séculos, e propõe, através do estudo dos contos tradicionais europeus, criar uma figura que personifique o conflito entre a mulher/arquétipo (numa perspetiva junguiana) e a mulher burguesa (vejam-se por exemplo as transcrições dos irmãos Grimm, que procuram propor modelos de comportamento úteis à sociedade burguesa capitalista).

No texto “mulher-romã” procura-se resgatar a mulher, não pelas ações extraordinárias que conseguiu, mas através da partilha do seu mundo interior. Não se procura gerar admiração, mas empatia.

 

Ficha artística do projeto

Direção artística, texto, interpretação: Costanza Givone; Concepção de figuras e sombras e exposição: Ana Torrie; Vídeo de cena: Sofia Arriscado; Som: João Vladimiro; Luz: Mariana Figueroa; Produção executiva/comunicação: Francisca Lacerda; Consultoria dramatúrgica: Claudia Figueiredo; Convidada para palestra na ESMAE: Raquel S.; Fotografias: João Padua; Produção: Fogo Lento; Apoios: Criatório da Câmara Municipal do Porto, Fundação Calouste Gulbenkian; Residências: CRL- Central Elétrica, Casa da Imagem, Casa Varela; Coprodução no âmbito do programa de residências artísticas/técnicas: Reclamar Tempo 21/22 do CAMPUS Paulo Cunha e Silva; Apoio logístico: Árvore- cooperativa cultural, Maus Hábitos; Escolas envolvidas: ESMAE, Escola artística Soares dos Reis

Mulher-romã (exposição)

7 a 28 Janeiro 2023

Inauguração: 7 Janeiro às 16h

Cooperativa Árvore - R. De Azevedo De Albuquerque 1, Porto (ao Passeio das Virtudes)

 

Exposição de Ana Torrie

em colaboração com Costanza Givone

som: João Vladimiro

Esta exposição é o desenvolvimento do processo visual para a peça Mulher-romã de Costanza Givone.

Mulher-romã é uma reflexão para uma nova abordagem do conto “o amor das três romãs”: um príncipe procura uma mulher idealizada e com a ajuda de uma bruxa a vai encontrar dentro de uma romã. De maneira inquietante, com um olhar contemporâneo, questionamos o lugar da mulher e do seu corpo neste conto. Quem é ela? Como lá foi parar? O que pensa e sente? Como poderíamos expressar, através do dispositivo cénico, a sua condição, enclausurada dentro de uma romã? Foi através das características estéticas do teatro de sombras e do cinema expressionista alemão que tentamos representar esta mulher, afastada da realidade, remetendo a lugares oníricos e grotescos, como nos pesadelos. Através de sombras e distorções do corpo feminino, tentou-se intensificar a experiência pessoal e subjetiva desta mulher. Assim surge este corpo/objeto para manipular, desmontar e projetar sombras.

 

Produção: Fogo Lento; Apoios: Criatório da Câmara Municipal do Porto, Fundação Calouste Gulbenkian, Apoio logístico: Árvore- cooperativa cultural; Residências artísticas: CAMPO, Casa da Imagem

Mesa redonda "Dramaturgia feminina contemporânea em Portugal"

Maus Hábitos

8 Fevereiro 2023 – 17h

No âmbito do projeto Mulher-romã, criadoras e convidadas conversam sobre o estado da dramaturgia feminina contemporânea em Portugal: pontos de forças, fragilidades e necessidades. Um encontro aberto a todos para refletir sobre caminhos a percorrer e possibilidades de encontro.

Produção: Fogo Lento; Apoios: Criatório da Câmara Municipal do Porto, Fundação Calouste Gulbenkian, Apoio logístico: Maus Hábitos

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